22.11.12

Ecos da Casa Verde

       O trecho abaixo foi retirado de material preparado pela TV Escola, programa Salto para o Futuro. "Machado de Assis: bruxarias literárias" é o título do material, que foi preparado no ano comemorativo de 2008, o Ano Machado de Assis. Refere-se aos desdobramentos artísticos que dialogam com a obra machadiana, mais especificamente a produção cinematográfica, e é parte de um artigo intitulado "Machado de Assis em diálogo com a nossa época", de Victor Hugo Adler Pereira. Vale pela referência a "O Alienista" e o que nele tem conexão com o pensamento contemporâneo, assim como pelo comentário sobre o filme de Nelson Perira e Hugo Sukman, dos mais curiosos e interessantes entre as produções artísticas que dialogam com a obra do Bruxo do Cosme Velho.



"O filme de Nelson Pereira dos Santos e Hugo Sukman, Asylo Muito Louco, lançado em 1970, adaptação de O Alienista, se constituiu num ousado experimento com a linguagem cinematográfica, ao gosto das vanguardas da época. Afinava-se também com a retomada da cultura carnavalesca e das tradições da menipéia, que ganhava terreno no plano internacional desde os movimentos de contracultura e no Brasil, além de ecoar as ousadias do Tropicalismo, e participava também da onda de 'desbunde' diante da repressão política imposta pela ditadura militar. Essa obra, entre outras de Machado, abria caminhos para a discussão sobre a institucionalização do controle sobre a sanidade mental, que vinha sendo liderada pelo movimento da antipsiquiatria, surgido na Inglaterra nos anos 60, e que viria a se expandir nos anos 70 e 80 através dos estudos de Michel Foucault. Desde então, no Brasil, muitas leituras críticas da obra de Machado de Assis tomaram esse viés libertário, destacando o modo com que o autor – vítima da epilepsia e que tantos preconceitos teve que vencer diante desse fato – conseguiu analisar as sutilezas com que são construídos, mantidos e utilizados os mecanismos de controle, exploração ou manipulação dos chamados 'desvios' da norma psicológica – o que se revela de modo marcante no romance Quincas Borba."


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