27.1.16

Mais de Mallarmé, e de crítica ao Parnasianismo


Um outro poeta, e não o menor deles, ligava-se a esse grupo
[do Parnasse Contemporain]. Vivia então na província como professor de inglês mas correspondia-se com frequência com Paris. Forneceu ao Parnasse versos de uma novidade que provocou escândalo nos jornais. Preocupado, evidentemente!, com a beleza, considerava a clareza como uma graça secundária e contanto que seu verso fosse agradável, musical, raro e, quando necessário, lânguido ou excessivo, tudo desprezava para agradar aos exigentes, entre os quais era, ele mesmo, o mais difícil. Assim, como foi mal acolhido pela Crítica, este puro poeta, que permanecerá enquanto houver uma língua francesa pra afiançar seu esforço gigantesco!

[Paul Verlaine, Les poètes maudits, Paris, 1884]

26.1.16

Ideia perfeita do Simbolismo: Alphonsus lendo Mallarmé

Em 1893, ano em que são publicados os Broqueis e o Missal de Cruz e Sousa, 
Alphonsus de Guimaraens entrava em contato com famosa entrevista concedida 
por Stéphane Mallarmé no início daquela década, e sobre a qual comentaria com seu amigo Freitas Valle (o mesmo Jacques D'Avray, reverenciado por seu amigo mineiro com o epíteto de "Prince royal du symbole et grand poète inconnu"):

"[...] Por hoje, vai um pedacinho de riso roubado ao interview com Mallarmé. Lendo-o, tem-se a ideia perfeita do Simbolismo. Fala Stéphane: 'Les jeunes sont plus près de l'ideal poétique que les Parnassiens qui traitent encore leurs sujet à la façon des vieux philosophes et des vieux rhéteurs, en présentent les objets directment. Je pense qu'il faut, au contraire, qu'il n'y a qu'allusion. La contemplations des objets, l'image s'envolant des rêveries susciteés par eux, sont le chant: les Parnassiens, eux prennent la chose entièrement et la montrent: par là ils manquent de mystère, ils retirent aux esprits cette joie délicieuse de croire qu'ils créent. Nomer un objet, c'est supprimer les trois de la jouissance du poème qui est faite de devenir peu à peu: le suggérer, voilà le rêve. C'est le parfait usage de ce mystère qui constitue le symbole!!'.
Evocar um rosto que se viu em sonho, por meio de frases, alusões a sensações de dolorosa melancolia que sentimos, deixar quem nos lê se lembrar na meia sombra de um período crepusculejado pelo mistério do Lá-Em Cima, poder exprimir a saudade que todos temos de um mundo que nunca vivemos, de uma mulher que nunca amamos... Deve ser tão grande!"

A carta do Pobre Alphonsus é datada de 27 de abril de 1893, Ouro Preto. O poeta de "Ismália" registra o contato bastante imediato com as inovações do simbolismo francês, e revela um pouco da conexão com a Vila Kyrial, de Freitas Valle, mecenas que mobilizava poetas que aspiravam ao mistério do Simbolismo, e entre os quais encontramos escritores que seriam protagonistas do movimento modernista posterior (como Mário de Andrade, admirador da poesia de Alphonsus).


7.1.16

Cruz e Sousa de Sylvio Back

Enfim acessível O Poeta do Desterro (2000), de Sylvio Back, filme que dramatiza alguns lances da vida e da poesia de Cruz e Sousa. Vale conferir as imagens, os versos, as sugestões...


21.5.15

modernismo incidental?

pois é, gente, estava eu às voltas com todo esse universo de poesia que se ajunta na pena e na prova dos nove da vida de poetas que apareceram para o Brasil pelos idos de 1920 e 1930 -- Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Carlos Drummond e Murilo Mendes --, articulando mapas astrais e constelações terrenas da poesia que aparecendo por cá se constituiu em revelação mesma de nós mesmos, e vai que deu uma vontade de ouvir um velho disco da banda Karnak intitulado Alma não tem cor; e sem lembrar muito que me satisfiz de ouvir reverber-ações daquela poesia na música contemporânea de André Abujamra e companhia; ouçam e reparem o que se pode identificar como certo modernismo incidental nas ótimas faixas... incidental?


13.5.15

A janela do caos: trajetória poética de Murilo Mendes

Percorra a trajetória poética de Murilo Mendes através de A janela do caos, filme de José Sette.


9.5.15

Baudelaire por Léo Ferré

Para ouvir poemas de Charles Baudelaire em forma de canção.


29.4.15

Vanguardas de Huidobro

Para conhecer os manifestos do poeta chileno Vicente Huidobro (1893-1948), assim como acessar outros documentos importantes para a compreensão das vanguardas na América Hispânica, vale uma visita ao Museu Vicente Huidobro.



http://www.museovicentehuidobro.cl/

O inventado e o vivido na tumba de Huidobro

Ando esses dias pesquisando sobre a poesia e o lirismo modernos e modernistas, e era fatal que deparasse com as vanguardas, do velho e do novo mundo. Um dos nomes importantes das vanguardas do novo mundo é o de Vicente Huidobro (1893-1948), nascido no Chile, talvez tão importante nas primeiras décadas do século XX como desconhecido atualmente. Procurando por material a respeito de Huidobro, encontrei uma película interessantísssima (como diria Mário de Andrade, que aliás nasceu no mesmo ano que Huidobro e cita o poeta chileno em A Escrava que não é Isaura). O filme se chama La tumba abierta de Vicente Huidobro (2004), e chama atenção não apenas pela sensacional vida do poeta, sobre a qual circulam muitas lendas, mas pela documentação que apresenta, parte dela acessada na Fundacion Vicente Huidobro. Vale a pena conferir.


19.2.15

mais uma para a história da favela

"Quatrocentos anos de favela",
de Zé Keti (1921-1999)


13.2.15

Morro da Favela e o Modernismo

lembro de uma das participações de Glauber Rocha no programa abertura, no começo dos anos 1980, em que ele conversava com um ilustre morador da favela Santa Marta, o Brizola, que dizia que sem aquele morro o bairro (Botafogo) era coisíssima nenhuma (os termos do Brizola são mais saborosos).. pois é, acho que podemos dizer que a presença da favela é algo de fundamental importância para se compreender a produção artística e a cultura da primeira metade do século XX. de Euclides da Cunha à poesia concreta, há uma presença efetiva ou virtual desse espaço urbano a parte na cidade, para o qual olhamos com desgosto ou simpatia. sem a favela, o modernismo era coisíssima nenhuma..