26.1.16

Ideia perfeita do Simbolismo: Alphonsus lendo Mallarmé

Em 1893, ano em que são publicados os Broqueis e o Missal de Cruz e Sousa, 
Alphonsus de Guimaraens entrava em contato com famosa entrevista concedida 
por Stéphane Mallarmé no início daquela década, e sobre a qual comentaria com seu amigo Freitas Valle (o mesmo Jacques D'Avray, reverenciado por seu amigo mineiro com o epíteto de "Prince royal du symbole et grand poète inconnu"):

"[...] Por hoje, vai um pedacinho de riso roubado ao interview com Mallarmé. Lendo-o, tem-se a ideia perfeita do Simbolismo. Fala Stéphane: 'Les jeunes sont plus près de l'ideal poétique que les Parnassiens qui traitent encore leurs sujet à la façon des vieux philosophes et des vieux rhéteurs, en présentent les objets directment. Je pense qu'il faut, au contraire, qu'il n'y a qu'allusion. La contemplations des objets, l'image s'envolant des rêveries susciteés par eux, sont le chant: les Parnassiens, eux prennent la chose entièrement et la montrent: par là ils manquent de mystère, ils retirent aux esprits cette joie délicieuse de croire qu'ils créent. Nomer un objet, c'est supprimer les trois de la jouissance du poème qui est faite de devenir peu à peu: le suggérer, voilà le rêve. C'est le parfait usage de ce mystère qui constitue le symbole!!'.
Evocar um rosto que se viu em sonho, por meio de frases, alusões a sensações de dolorosa melancolia que sentimos, deixar quem nos lê se lembrar na meia sombra de um período crepusculejado pelo mistério do Lá-Em Cima, poder exprimir a saudade que todos temos de um mundo que nunca vivemos, de uma mulher que nunca amamos... Deve ser tão grande!"

A carta do Pobre Alphonsus é datada de 27 de abril de 1893, Ouro Preto. O poeta de "Ismália" registra o contato bastante imediato com as inovações do simbolismo francês, e revela um pouco da conexão com a Vila Kyrial, de Freitas Valle, mecenas que mobilizava poetas que aspiravam ao mistério do Simbolismo, e entre os quais encontramos escritores que seriam protagonistas do movimento modernista posterior (como Mário de Andrade, admirador da poesia de Alphonsus).


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