31.5.13

Saudade de Manuel Bandeira, de Vinícius de Moraes

Na postagem de ontem referi-me à consideração de Vinícius de Moraes para com Manuel Bandeira, a quem chamou em belíssimo poema de "Poeta, pai! áspero irmão". Ocasião portanto para conhecer o poema de Vinícius em que encontramos a expressão referida, tão delicado em sua poética afetividade. Apreciem:


Saudade de Manuel Bandeira

Não foste apenas um segredo
De poesia e de emoção
Foste uma estrela em meu degredo
Poeta, pai! áspero irmão.

Não me abraçaste só no peito
Puseste a mão na minha mão
Eu, pequenino – tu, eleito
Poeta, pai! áspero irmão.

Lúcido, alto e ascético amigo
De triste e claro coração
Que sonhas tanto a sós contigo
Poeta, pai, áspero irmão?


(MORAES, Vinícius. Nova antologia poética. Org. Antonio Cicero e Eucanaã Ferraz.
São Paulo: Companhia das Letras, 2003)

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