8.5.13

Permanências e novidades: antes durante e depois da Semana

Em "Permanências e novidades nas letras do Ceará", Otacílio Colares fala da convivência de elementos contraditórios no período anterior ao estabelecimento do modernismo entre nós (que acontece com a publicação de O canto novo da raça, em 1927), assim como depois desse estabelecimento, lado a lado convivendo "Modernistas e Passadistas" (que foi aliás título de seção do jornal O Povo em seu momento inicial).
Pois reparem que não foi privilégio nosso. Basta lermos as páginas de Vida e Morte da Antropofagia, de Raul Bopp, para contatarmos:





                Enquanto Paris se agitava dentro de novas correntes culturais, no Brasil somente algumas poucas áreas eram sensíveis a essa inquietação. Pressentia-se, em vibrações vagas, a necessidade de substituir a expressão artística por formas mais evoluídas.
                São Paulo, em problemas de arte, permanecia ainda num velho conformismo, amarrado a formas antiquadas, em contradição com a sua pujança econômica. Guardava posições acadêmicas, numa rigorosa sujeição aos preceitos rotineiros.
                Os andaimes se projetavam, cada vez mais altos. As chaminás afirmavam a sua força industrial, pelos setores urbanos. Mas o espírito moderno (no período anterior a 1922), em suas tímidas vacilações, não havia penetrado nos seus hábitos de atividade, em sintonia com a sua evolução material. Estava embrionário. Ocultava-se, entre resíduos passadistas, vago e desajustado.
(Bopp, Raul. Vida e morte da Antropofagia. 2ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008, p. 34-5)


Haveria o que discutir, e até mesmo questionar, nas palavras de Raul Bopp, mas vale o registro histórico, que se aproxima daquele de Otacílio Colares sobre as letras do Ceará.

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