15.5.13

Alencar, verso e reverso


       Alencar escreve sua primeira comédia, O Rio de Janeiro, verso e reverso, em 1857, e, poucos dias depois da estreia, que ocorreu a 28 de outubro no Teatro Ginásio Dramático, afirma que conseguiu realizar o seu intento: "O público, que ouve de bom humor, diz que consegui o primeiro fim, o de fazer rir; os homens os mais severos em matéria de moralidade não acham aí uma só palavra, uma frase, que possa fazer corar uma menina de quinze anos".
       [...] "Fazer rir, sem fazer corar" significa, antes de tudo, banir os recursos do baixo cômico do palco, todos aqueles que sacodem a plateia, provocando ruidosas gargalhadas. Consequentemente, o autor deve se contentar com o sorriso do espectador, que pode ser despertado por um dito espirituoso, por alguma observação delicada, por uma réplica bem humorada. É a alta comédia que Alencar tem em mente quando abraça a carreira de dramaturgo, logo após a publicação do romance O Guarani, nas páginas do Diário do Rio de Janeiro, entre janeiro e abril de 1857.
       Verso e reverso é uma primeira tentativa, ainda modesta em seus dois atos e ação singela, uma preparação para as comédias escritas em seguida, mais extensas e cheias de  intenções edificantes. O que a difere das peças de Martins Pena e [Joaquim Manuel de] Macedo é a comicidade leve e discreta, em apelo a correrias ou pancadarias em cena, disfarces e esconderijos. [...]

(Faria, João Roberto. "Introdução". In: Mate, Alexandre & Schwarcz, Pedro M. (Orgs.). Antologia do teatro brasileiro. São Paulo: Peguin Classics Companhia das Letras, 2012.)

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