18.5.12

Decadentismo de Alphonsus de Guimaraens


     "Alphonsus atingiu, quase desde o começo de sua produção, uma feição pessoal iterativa, que a seu respeito é possível discriminar influências sem lhe gravar, com isso, a originalidade. A sua obra inteira é de acentuada unidade expressional, apesar das contribuições já conhecidas, que antes sublinham essa integridade. Pelo menos, elas explicam-lhe a peculiar fisionamia 'decadente', que o foi como a que mais o tenha sido no nosso Simbolismo. Entranhadamente 'decadente'; mas o decorativismo da tendência não lhe era exclusivamente livresco, como em quase todos os seus compaanheiros. A sua Minas [Gerais] colonial e barroca, com o seu inalienável e grande caráter, ali estava, cercando-o, circunscrevendo-lhe a visão e sensibilidade. A terra e a alma da terra eram, por igual, 'decadentes'. Por isso a obra de Alphonsus é a voz mesma do seu ambiente vital, e também aquela em que mais difícil se torna destrinçar claramente o classicismo arcádico e o decadentismo seu contemporâneo, que lhe são, ambos, constitucionais [que constituem a personalidade literária do poeta]."


[Murici, Andrade. “Presença do Simbolismo”. In: Coutinho, Afrânio (Org.). A literatura no Brasil, vol. 4, p. 437]

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