6.1.13

Enciclopédia Carpeaux: sobre modernismos e vanguarda

     Otto Maria Carpeaux (1900-1978) é dos grandes conhecedores da história da literatura ocidental. Sua obra é uma verdadeira enciclopédia. Conheceu de perto a literatura brasileira, e soube com sua erudição localizar nossa cultura diante das transformações artísticas que movimentaram o início do século XX. As Revoltas Modernistas na Literatura (1968) traz um vasto panorama dessas transformações, que interessam aqui para uma maior compreensão do modernismo brasileiro e de seus principais personagens.
     O trecho abaixo aborda a tentativa de renovação e algumas limitações das revoltas modernistas, mas vale também pelo uso que faz das palavras "modernismo" e "vanguarda":



"Modernismo, futurismo, expressionismo tentaram destruir a estrutura sintática e até etimológica da língua, para abolir as tradições associativas e tornar possível a formação de novas associações, base de uma nova sintaxe. Alguns poetas chegaram a inventar línguas particulares [...] Os modernismos – vanguarda francesa, futurismo italiano e russo, expressionismo alemão – malograram pelo mesmo motivo de serem movimentos puramente literários, de literatos separados da realidade social. Definição que quase se subentende na palavra ‘vanguarda’” (Carpeaux, 1968, p. 124).


     Abrir caminhos para "novas associações" é o que busca Mário de Andrade com seu desvairismo, em que se pretende a "vitória do dicionário"; e também Oswald de Andrade, com a busca de uma língua "sem erudição. Natural e neológica". Quanto à indistinção entre os termos "vanguarda" e "modernismo", creio que ela seja consequência natural da proximidade semântica e espiritual entre os termos nos contextos brasileiro e europeu (bastante diversos nesse aspecto do que aconteceu entre hispano-americanos).

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