22.9.13

Baudelaire & cia. no modernismo brasileiro

Rubens Borba de Moraes foi bibliófilo, bibliógrafo, historiador e pesquisador, tendo sido um dos organizadores da Semana de Arte Moderna. Em 1924, publicou Domingo dos séculos, libelo de divulgação de ideias modernistas. Na edição fac-similada publicada em 2001, José Mindlin ressalta faceta menos conhecida de Moraes, renomado principalmente por suas pesquisas bibliográficas, "o Rubens ser humano, que surge neste livro, irreverente, brincalhão, conversador, incansável, esfuziante de paradoxos e ideias surpreendentes, dotado de raro senso de humor, mas já demonstrando, aos vinte e poucos anos, uma sólida cultura literária e artística, pois já conhecia Proust no início dos anos 20 (...), já tinha lido Bergson, e já demonstrou ter sabido ainda tão jovem, apreciar devidamente a obra de Rimbaud. Não são coisas comuns". Eis um trecho do livro, que expressa um pouco do contato dos modernistas brasileiros com o simbolistas franceses:


    "Baudelaire foi o primeiro poeta que, depois dos românticos, nos trouxe novas sensações. Mas Baudelaire conservou a forma clássica, foi um clássico.
     O grande inovador de formas e sensações, o pai da poesia moderna foi Rimbaud.
      Há, do ponto de vista crítico, dois tipos de escritores: aqueles cuja vida precisamos conhecer para estudar a obra e aqueles cuja vida nenhuma relação tem com a obra. Machado de Assis pertence à segunda categoria. De fato, qual foi a influência de sua vidinha arroz com feijão, de funcionário exemplar, sobre sua maravilhosa carreira. Rimbaud pertence à segunda categoria."

(Moraes, Rubens Borba de. Domingo dos séculos. Edição fac-similada.
São Paulo: Imprensa Oficial, 2001, p. 41-2)

Um comentário:

Unknown disse...

Concordo com Rubens Borba! Acho um tanto perigoso comparar vida e obra de Machado de Assis. Por isso, não entendo o porquê de Lúcia Miguel-Pereira (uma das pessoas mais capacitadas a falar sobre Machado de Assis) ter escrito que Machado de Assis foi anticlerical (em sua obra), pelo fato de ter sido ateu (em sua vida).