24.4.14

Arthur Oliveira, Parnasse Contemporain e as Canções românticas: Alberto de Oliveira




                A influência de Arthur de Oliveira (1851-1882) foi larga e extensa sobre os poetas "novos" do Brasil, a partir de 1877. Embora não tenha deixado obra perdurável, "le père de la foudre" trouxe de Paris as novidades literárias e portanto o Parnasiansmo, com o culto de Théophille Gautier, Leconte de Lisle, Banville, Sully-Prudhomme e outros poetas, que ele lia e difundia entre os jovens da época. É o que afirma Alberto de Oliveira e é o que confirma o fato de a primeira poesia das Canções românticas (1878) do próprio Alberto, dedicada a Arthur de Oliveira, pode ser tomada como a primeira mostra do Parnasianismo, em nosso meio. O tema de "Aparição nas Águas" — assimilação de uma banhista a Vênus, — apesar da imprecisão vocabular com que ainda lutava Alberto, é, pelo exotismo, pela intenção plástica, pela "arte pela arte" que reponta das estrofes, uma antecipação parnasiana do poeta. É o que parecem certificar estes excertos:

Vênus, a ideal pagã que a velha Grécia um dia
Viu esplêndida erguer-se à branca flor da espuma,
                      — Cisne do mar Iônio,
                      Desvendado da bruma,
Visão, filha talvez da ardente fantasia
                      De um cérebro de deus;

Vênus, quando eu te vejo a resvalar tão pura
                      Do largo oceano à flor,
Das águas verde-azuis na úmida frescura,
                      Vem dos prístinos céus,
                      Vem da Grécia, que é morta,
Abre do azul a misteriosa porta
E em ti revive, ó pérola do Amor.

[...]

(Ramos, Péricles E. da Silva. "A renovação parnasiana na poesia".
In: Coutinho, Afrânio. A literatura no Brasil, vol. 4, p. 108)



Nenhum comentário: