2.6.12

Uma nota do Diário Íntimo de Lima Barreto

Nas páginas dedicadas às anotações de 1916, do Diário de Lima Barreto, há uma preciosa nota sobre a publicação de Triste fim de Policarpo Quaresma, fazendo referência a entrevista que o escritor carioca concedeu à revista Época. Segue a nota, escrita pelo organizador do volume, Francisco de Assis Barbosa:

Na entrevista da Época, que saiu na primeira página, com uma caricatura do romancista, diz Lima Barreto, em resposta ao repórter, que lhe pergunta em que meio se passa o romance: "Na classe média. Não posso sair dela. Tinha mesmo vontade de sair, mas não me é possível. Por exemplo, eu desejava fazer um livro em que entrasse um presidente da República, como o senhor Venceslau Brás, que tem uma sala de cinematógrafo e um gramofone em palácio. não era bem que eu o comparasse a Luis II, da Baviera, com o seu teatro para ele só, a ouvir Wagner? Hein? Mas como te dizia... desde o meu Isaías Caminha, que só trato de obedecer a regra do meu [Hippolyte]Taine: a obra de arte tem por fim dizer o que os simples fatos não dizem. É este o meu escopo. Vim para a literatura com todo o desinteresse e com toda a coragem. O fim da minha vida é as letras. Eu não peço delas senão aquilo que elas me podem dar: glória! Eu sou afilhado de Nossa Senhora da Glória. Não quero ser deputado, não quero ser senador, não quero ser mais nada senão literato. Não peço às letras conquistas fáceis, não lhes peço gloríolas, peço-lhes coisa sólida e duradoura. E posso falar de cadeira, porque, se eu ter essas histórias, as teria de sobra. Eu abandonei tudo por elas; e a minha esperança é que elas me vão dar muita coisa. É o que me faz viver mergulhado nos meus desgostos, nas minhas mágoas, nos meus assependimentos..."

3 comentários:

Anônimo disse...

22 de dezembro
A verdadeira causa — ou uma delas, estava hoje no Flamengo, acabando a
marinha. Tristão lá estava também, e ambos faziam a estética um do outro. Ele
admirava menos a tela que a pintora, ela menos o espetáculo que o admirador, e eu
via-os com estes olhos que a terra fria há de comer.

Anônimo disse...

CataLisa e PrimaVera

DANIEL BEDOTTI SERRA

Anônimo disse...

"ARANHA, CARANGUEJEIRA, QUE BICHA FEIA, MAS É FACEIRA/ LEVEI AO MÉDICO PARA CONSULTAR/ O MÉDICO DISSE QUE ERA BOM MATAR/ NÃO MATE NÃO QUE É DE CRIAÇÃO/ LEVEI À ESCOLA PRA APRENDER O B-A-BÁ/ A DANADA PROFESSORA ENSINOU A NAMORAR/ 7 E 7 SÃO 14, COM MAIS 7, 21/ TENHO 7 NAMORADOS MAS NÃO CASO COM NENHUM/ SÓ ME CASO COM AQUELE QUE ME DER UM JERIMUM, TÁ AQUI PRA TU..."