9.11.13

circo modernista


Pesquisando sobre o teatro no período modernista, deparei com duas referências ao circo, aliás vinculando literatura e linguagem circense.
Eis os trechos:

 


          "Oswald [de Andrade], não é preciso frisar, fora muito mais longe em seus antagonismos do que Antônio de Alcântara Machado [que considerara o circo expressão autenticamente nacional]. A crise de 1929, cristalizando antigas rebeliões, marca para ele o ponto de ruptura em vários níveis: ruptura econômica, com o capitalismo; política, com democracia liberal; ideológica, com o catolicismo; moral, com a família concebida em moldes tradicionais; estética, com o próprio Modernismo, através da concepção da arte engajada politicamente. Até então o seu papel tinha sido o de um enfant terrible da burguesia: irreverente, imprevisível, mas ainda preso aos pais. Após o duplo choque da perda da fortuna e da religião, ambos registrados no prefácio famoso de Serafim Ponte Grande, ele reivindicava um novo papel: o de 'casaca de ferro na Revolução Proletária', em substituição ao de 'palhaço' da aristocracia paulista (duas metáforas circenses, seja dito de passagem)." (Prado, 2013, p. 145)

 

          "Em várias passagens de As Amargas, Não... fica patente o entusiasmo de Alvaro Moreyra com o modernismo -- 'O chamado modernismo no Brasil foi o encontro com o Brasil. Éramos brasileiros por fora. Ficamos brasileiros também por dentro'. Esse encontro com o nacional marca profundamente os poemas modernistas reunidos em Circo, livro que apareceu em 1929. São evidentes as afinidades com Oswald de Andrade antropófago, sobretudo nos momentos que recupera poeticamente os nossos tempos primitivos ou passagens da nossa história. Bons exemplos da busca de brasilidade efetuada por Alvaro Moreyra são poemas como 'Visita de S. Tomé', 'Brasil Fidalgo', 'História' e 'Estilização'." (Faria, 1998, p. 108-9)

 

 
Referências bibliográficas:
Prado, Décio de Almeida. "O Teatro". In: Ávila, Affonso (Org.). O Modernismo. 3a. edição. São Paulo: Perspectiva, 2013.
Faria, João Roberto. O teatro na estante: estudos sobre dramaturgia brasileira e estrangeira. São Paulo: Ateliê, 1998.

Nenhum comentário: