1.10.13

Literatura Brasileira II: exercício de revisão


 
Literatura Brasileira IIProfessor: Marcelo MagalhãesExercício de Revisão

  1. Procure caracterizar, a partir dos trechos que seguem, a estética realista e a narrativa naturalista. Caracterize também a obra do próprio Machado de Assis, apontando peculiaridades de sua dicção artística frente às escolas com as quais conviveu.
Texto 1
[...]
Devo acrescentar que neste ponto manifesta-se às vezes uma opinião, que tenho por errônea: é a que só reconhece espírito nacional nas obras que tratam de assunto local, doutrina que, a ser exata, limitaria muito os cabedais da nossa literatura. [...]
Não há dúvida que uma literatura, sobretudo uma literatura nascente, deve principalmente alimentar-se dos assuntos que lhe oferece a sua região; mas não estabeleçamos doutrinas tão absolutas que a empobreçam. O que se deve exigir do escritor, antes de tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço. [...]
(Machado de Assis. “Instinto de Nacionalidade”, 1873)

Texto 2
[...]
Ora bem, compreende-se a ruidosa aceitação do Crime do Padre Amaro. Era realismo implacável, consequente, lógico, levado à puerilidade e à obscuridade. Víamos aparecer na nossa língua um realisto sem rebuço, sem atenuações, sem melindres, resoluto a vibrar o camartelo no mármore da outra escola, que ao olhos do Sr. Eça de Queirós parecia uma simples ruína, uma tradição acabada. Não se conhecia no nosso idioma aquela reprodução fotográfica e servil das coisas mínimas e ignóbeis. Pela primeira vez, aparecia um livro em que o escuso e o [...] torpe eram tratados com uma exação de inventário. [...] Pois que havia de fazer a maioria, senão admirar a fidelidade de um autor, que não esquece nada, e não oculta nada? Porque a nova poética é isto, e só chegará à perfeição no dia em que nos disser o número exato dos fios de que se compõe um lenço de cambraia ou um esfregão de cozinha. [...]
(Machado de Assis. “O Primo Basílio”, 1878)


  1. Leia e analise o trecho abaixo, procurando identificar nele traços característicos da narrativa naturalista. Não deixe de referir os traços já indicados por trechos da questão 1.

[...]
Por esse tempo Magdá era acometida por uma explosão de soluços, e chorava copiosamente, o peito muito oprimido.
Ora até que enfim! rosnou o doutor. E, erguendo-se, soprou para o Conselheiro, a descer as mangas da camisa e da sobrecasaca, que havia arregaçado: — Pronto! Estes soluços continuarão ainda por algum tempo, e depois ela sossegará. Naturalmente há de dormir. O que lhe pode aparecer é a cefalalgia...
Como?
Dores de cabeça. Mas para isso você lhe dará o remédio que vou receitar.
E saíram juntos para ir ao escritório.
É o diabo!... praguejava entre dentes o brutalhão, enquanto atravessava o corredor ao lado do Conselheiro, enfiando às pressas o seu inseparável sobretudo de casimira alvadia. — É o diabo! Esta menina já devia ter casado!
Disso sei eu... balbuciou o outro. — E não é por falta de esforços de minha parte, creia!
Diabo! Faz lástima que um organismo tão rico e tão bom para procriar, se sacrifique deste modo! Enfim — ainda não é tarde; mas se ela não casar quanto antes — hum... hum!... Não respondo pelo resto!
Então o doutor acha que... ?
Lobão inflamou-se: — Oh! o Conselheiro não podia imaginar o que eram aqueles temperamentozinhos impressionáveis!... eram terríveis, eram violentos, quando alguém tentava contrariá-los! Não pediam — exigiam! — reclamavam!
E se não lhes dá o que reclamam, prosseguiu, — aniquilam-se, estrangulam-se, como leões atacados de cólera! É perigoso brincar com a fera que principia a despertar... O monstro deu já sinal de si; e, pelo primeiro berro, você bem pode calcular o que não será quando estiver deveras assanhado!
Valha-me Deus! suspirou o pobre Conselheiro, que eu hei de fazer, não dirão?
Ora essa! Pois já não lhe disse! É casar a rapariga quanto antes!
Mas com quem?
Seja lá com quem for! O útero, conforme Platão, é uma besta que quer a todo custo conceber no momento oportuno; se lho não permitem — dana! Ora aí tem!

(Azevedo, Aluísio. O Homem.
Em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bi000022.pdf)


3. Faça um comentário crítico de “O Alienista” (de Papéis Avulsos, 1882), apontando nele traços característicos de seu autor. Retome os trechos críticos da questão 1, relacionando aspectos lá apontados à narrativa que conta a trajetória de Simão Bacamarte e as agruras de sua Casa Verde.

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