24.4.12

As palavras da Política de Aristóteles 2

       "[...] Sócrates diz que um indicativo da total unidade de um Estado ocorre quando, numa cidade, todos os iguais dizem 'isto é meu' e 'isto não é meu'. Mas não é assim; a palavra 'todos' é empregada em dois sentidos: 'todos separadamente' e 'todos juntos'. Utilizada no primeiro sentido, demonstra melhor o que Sócrates pretendia; porque cada qual irá chamar todos de filho e todas de esposa; e falará da mesma maneira em relação à propriedade e o que mais estiver a seu alcance. Mas não será o modo como as pessoas falarão que lhes dará filhos e esposas em comum. Elas devem dizer isso juntas, não em separado; e o mesmo ocorre com respeito às posses. Desse modo, é um engano empregar a palavra 'todos', a qual, como muitas outras -- 'ambos', 'mais', 'igualmente' --, devem, pelo duplo sentido, levar a conclusões de raciocínio bastante duvidoso. Assim, embora esta pudesse ser uma situação admirável -- em que 'todos' dizem a mesma coisa --, é, num sentido, impossível, e em outro não conduz ao sentimento de solidariedade."

[Aristóteles, Política, livro II, 3]

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