31.8.14

O AVANÇO DA IDEOLOGIA REALISTA





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            O avanço da ideologia realista foi, no entanto, mais lento no romance do que na imprensa. Os sinais mais evidentes da mudança encontram-se nas obras de Franklin Távora, José do Patrocínio e Inglês de Souza.
            Franklin Távora, apesar de escolher seu temário na história remota do Nordeste, preocupava-se em situar os eventos dentro de um quadro real, cuidadosamente estudado. Já em 1872, levantara-se contra o conceito literário de José de Alencar, numa série de artigos publicados no Jornal do Recife, e nas Cartas a  Cincinato questionou o fundamento da etiqueta indianista romântica. Ia contra os escritores de gabinete, que reinventavam a natureza através da leitura de obras românticas. Para ele, o escritor devia partir da experiência direta, de um contato íntimo com o ambiente, a natureza e os homens. A natureza deixava de ser motivo de contemplação estética para tornar-se quadro significante. Sua preocupação com a documentação aparece em dois de seus romances, O Cabeleira e O matuto, publicados respectivamente em 1876 e 1878.
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[Mérian, Jean-Yves. Aluísio Azevedo: vida e obra (1857-1913).
Tradução Claudia Poncioni. 2a ed. Rio de Janeiro: FBN: Garamond, 2013, pp. 120-1]


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