19.10.11

Literatura Brasileira I: AP2: Barroco

Universidade Federal do Ceará

Centro de HumanidadesCurso de LetrasDepartamento de Literatura

Literatura Brasileira IProfessor: Marcelo Magalhães2ª ap

1. A partir da leitura do texto abaixo, e da análise de trechos de Prosopopeia, responda aos itens que seguem:

“A partir do Prólogo que marca ostensivamente o propósito encomiástico do poemeto, na verdade ‘prólogo-dedicatória’, verificamos a intenção de Bento Teixeira de distribuir em partes a matéria do seu canto de louvor a Jorge de Albuquerque Coelho. Constituído de noventa e quatro estrofes em oitava rima, o que se lê é, de fato, um esboço ainda mal alinhavado. Se o autor deu mesmo títulos a alguns grupos de estrofes – Narração, Descrição do Recife de Pernambuco, Canto de Proteu – podemos reconhecer no poemeto, por outro lado, as partes em que se divide o poema épico [...]. Sem dúvida camoniano (...), facilmente reconhecível, a partir da proposição (...), chega mesmo, mais de uma vez, a se opor a Camões ou a pretender corrigi-lo, como na invocação (...).

(Castello, José Aderaldo. Manifestações literárias do período colonial, p. 66-7)

a) Analise o “Prólogo” de Prosopopeia e aponte nele as marcas de seu propósito encomiástico. Como o poeta avalia sua própria obra diante da figura de Jorge de Albuquerque Coelho? Exemplifique sua resposta.

b) Analise a estrofe I de Prosopopeia, explicando seu caráter de proposição e demonstrando sua estrutura de influência camoniana (estrofes em oitava rima).

c) Compare a invocação de Prosopopeia com a de Os lusíadas e demonstre as diferenças entre uma e outra. Exemplifique sua resposta e procure justificar as diferenças apontadas.

2. Considerando os aspectos destacados no trecho abaixo, analise os textos de Botelho de Oliveira constantes na Antologia dos poetas do período colonial (pp. 13-4):

“Para muitos escritores do século XVII e grande parte do XVIII, a linguagem metafórica e os jogos de argúcia do espírito barroco eram maneiras normais de comunicar a sua impressão a respeito do mundo e da alma. E isto só poderia ser favorecido pelas condições do ambiente, formado de contrastes entre a inteligência do homem culto e o primitivismo reinante, entre a grandeza das tarefas e a pequenez dos recursos, entre a aparência e a realidade. Como a desproporção gera o senso dos extremos e das oposições, esses escritores se adaptaram com vantagem a uma moda literária que lhes permitia empregar ousadamente a antítese, a hipérbole, as distorções mais violentas da forma e do conceito. Para eles o estilo barroco foi uma linguagem providencial, e por isso gerou modalidades tão tenazes de pensamento e expressão que, apesar da passagem das modas literárias, muito delas permaneceu como algo congenial ao País.”

(Candido, Antonio. “Literatura de dois gumes”, p. 169)


3. Glauco Mattoso, espécie de herdeiro do satírico Gregório de Matos, define assim o que ele chama de “processoneto”: “O próprio conceito do soneto implica um paradoxo, pois, de um lado, a estrutura rígida cerceia a liberdade criativa do poeta e, de outro lado, essa aparente camisa-de-força estimula a habilidade do sonetista e testa seu domínio vocabular. Não por acaso vários autores tematizam o desafio da composição e a responsabilidade do sonetista em exemplos que poderiam ser chamados sonetos metalingüísticos, de ‘metassonetos’ ou, quando descrevem a própria construção, ‘processonetos’.” A partir desta consideração, responda os itens abaixo:

a) Identifique um exemplo de “processoneto” na Antologia dos poetas do período colonial, demonstrando seu caráter metalingüístico. Exemplifique.

b) Que relação se pode estabelecer entre o exemplo de “processoneto” analisado por você e o “Sermão da Sexagésima”, do padre Antônio Vieira? Explique e exemplifique.

4. Analise os sonetos de Gregório de Matos indicados na Antologia dos poetas do período colonial, apontando neles características essenciais do estilo barroco e distinguindo os gêneros desenvolvidos pelo poeta baiano. Fundamente suas considerações com trechos exemplares.

5. A partir da leitura das seções V e X do “Sermão da Sexagésima”, faça o que se pede nos itens abaixo:

a) Como Antônio Vieira caracteriza o que ele chama de “estilos modernos”? Como podemos relacionar o estilo culto, condenado por Vieira, e o próprio estilo literário do barroco? Não haverá contradição no fato de o maior orador do barroco luso-brasileiro condenar o cultismo? Procure responder aos questionamentos, justificando seus argumentos com trechos das seções indicadas.

b) Identifique, na seção X, dois aspectos temáticos que demonstrem a vinculação ideológica de Antônio Vieira com a Contra-Reforma católica. Não deixe de exemplificar cada um deles.

Observações:

  1. As citações e os exemplos devem ser retirados exclusivamente dos textos indicados para o estudo do conteúdo aqui avaliado.
  2. Os exemplos retirados aos textos devem ser transcritos no corpo das respostas integralmente.
  3. A cópia integral ou parcial de textos da internet como respostas das questões dessa avaliação levará à invalidação da mesma (nota zero).
  4. Utilize conceitos e noções dos textos estudados, mas não deixe de ser original e inventivo, desenvolvendo intuições que a leitura dos textos literários acaso tenha sugerido.

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