22.4.11

Raízes do Romantismo no Brasil






Raízes do Brasil, um dos títulos fundamentais da vasta bibliografia de Sérgio Buarque de Holanda, trata de quase todos os aspectos decisivos de nossa formação histórica. Não deixaria ele de tratar dos aspectos que determinaram o ideário nacionalista do romantismo, momento considerado como “marco zero” de nossa literatura – assim como de nossa história política – pelos protagonistas que nele atuaram vivamente. E o que Sérgio Buarque aponta, em poucas linhas, é de grande interesse tanto para o estudo do primeiro momento romântico (em que o indianismo foi a principal vertente da literatura empenhada na construção nacional, com Gonçalves Dias e José de Alencar) como do último deles (em que a poesia social e combativa de Castro Alves ganhou grande projeção no ambiente abolicionista de então). Portanto, para aqueles que irão estudar os momentos e os autores referidos, eis um tópico fundamental a ser investigado:




“É curioso notar como algumas características ordinariamente atribuídas aos nossos indígenas e que os fazem menos compatíveis com a condição servil – sua ‘ociosidade’, sua aversão a todo esforço disciplinado, sua ‘imprevidência’, sua ‘intemperança’, seu gosto acentuado por atividades antes predatórias que produtivas – ajuntam-se de forma bem precisa aos tradicionais padrões de vida das classes nobres. E deve ser por isso que, ao procurarem traduzir para termos nacionais a temática da Idade Média, própria do romantismo europeu, escritores do século passado [XIX], como Gonçalves Dias e Alencar, iriam reservar ao índio virtudes convencionais de antigos fidalgos e cavaleiros, ao passo que o negro devia contentar-se, no melhor dos casos, com a posição de vítima submissa ou rebelde.”



[Holanda, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 56; o retrato de Pedro I, que ilustra esta postagem, é de autoria de Porto Alegre, um dos artistas que protagonizaram o estabelecimento do Romantismo no Brasil]

Um comentário:

Anônimo disse...

Melhoras,professor!