Oswald de Andrade dissera, no "Manifesto da Poesia Pau-Brasil" (1924), que o poeta parnasiano era "uma máquina de fazer versos". A rígida doutrinção poética, que fizera Manuel Bandeira dizer "Não há mais poesia / Mas há artes poéticas..." (1918), de fato sufocara a invenção e a surpresa em poesia. Mas essas são concepções de quem estava em combate contra "Os mestres do passado" (título de uma série de artigos de Mário de Andrade), abrindo um espaço vital para os desenvolvimentos modernistas em nossa literatura. Vejamos como o poeta parnasiano é caracterizado por Roger Bastide:
"O parnasiano é um homem para quem o mundo exterior existe. Sua arte se parece mais com a escultura do que com a música, e seus versos têm a dureza do mármore, a cintilação das pedras preciosas. O que ele quer tentar captar, para inscrever num poema, não é a sutileza dos sentimentos, mas as cores e as linhas, os volumes e os planos. Sua poesia tende para a imagem, até mesmo para a pura descrição, nos menos dotados entre eles."
[Bastide,
Roger. Poetas do Brasil. São Paulo:
EDUSP; Duas Cidades, 1997, p. 57]
O trecho, retirado de ensaio sobre Manuel Bandeira, é parte de um esclarecimento que Roger Bastide pretende colocar logo no início de seu texto: o poeta modernista em questão "começou pelo parnasianismo", mas para ele o Parnaso não passou de "uma primeira solução para um drama interior" -- ou seja, não chegou a ser para o poeta de "Vou-me embora pra Pasárgada" uma estética.
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