A obra de
Silva Alvarenga foi toda escrita na segunda metade do século XVIII, tanto em
Portugal quanto no Brasil, e se situa estética e ideologicamente no
Neoclassicismo de feição arcádica.
De maneira
geral, o Neoclassicismo se empenhou num esforço para "restaurar o bom
gosto perdido" após anos de influência dos modelos poéticos barrocos,
muitas vezes identificados com a Espanha e seu grande poeta, Gongora (Silva
Alvarenga chama-o de "sombrio espanhol", autor de "góticos
enigmas"). Já desde o início do século XVIII havia mostras de desgosto com
os "excessos" da poesia de caráter seiscentista, e a reação vai
ganhando mais espaço e corpo com a publicação de O verdadeiro método de estudar, de Luís Antônio Verney (1746-47),
com a fundação da Arcádia Lusitana (1756) e com a reforma da Universidade de
Coimbra promovida pelo Marquês de Pombal (1772). À época em que Silva Alvarenga
começa a escrever, está plenamente configurada a proposta neoclássica: retomada
dos modelos clássicos, antigos e quinhentistas, e crítica constante da poesia,
que se identifica com a expressão racional do pensamento. "Rien n'est beau
que le vrai; le vrai seule est amaible", escreveu Boileau, cuja Arte Poética é modelo para vários
autores da época.
[...]
(Morato,
Fernando. "Introdução". In: Alvarenga,
Manuel Inácio da Silva. Obras Poéticas.
São Paulo: Martins Fontes, 2005, pp. XXXII-XXXIII)
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