Pessimismo, "humor
negro", perversidade, de mãos dadas com ternura, singeleza, doçura, nestes
poetas é que os devemos procurar. Considerados em bloco, formam um conjunto em
que se manifestam as características mais peculiares do espírito romântico. Inclusive
a atração pela morte, a autodestruição dos que não se sentem ajustados ao
mundo. Todos eles sentiram de modo profundo a vocação da poesia; vocação
exigente, que incompatibilizava com as carreiras abertas pela sociedade do
Império e nas quais se acomodaram eficazmente, na geração anterior, [Gonçalves
de] Magalhães, Porto Alegre, [Joaquim] Norberto, o próprio Gonçalves Dias:
advocacia, magistério, comércio, clero, armas, agricultura, burocracia. Por
isso Junqueira Freire falhou como frade, Casimiro [de Abreu] como caixeiro,
Laurindo [Rabelo] como médico, [Fagundes] Varela como tudo. [...] Por isso, o melhor
estudante da Academia de São Paulo, Álvares de Azevedo, morreu antes de obter o
canudo de bacharel. Todos eles escolhem as veredas mais perigosas, como quem
experimenta com o próprio ser; um verdadeiro complexo de Chapeuzinho Vermelho,
que leva a tomar o pior caminho para cair na boca do lobo, com um arrepio
fascinado de masoquismo. [...]
(Candido,
Antonio. Formação da literatura
brasileira. Volume 2, pp. 134-5)
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