A Estátua do Alferes
Eu sou o supremo herói.
Choquei a revolução...
Há mais de cem anos guardo
No meu ventre generoso
Uma turma de poetas
Tangendo as cordas da lira,
Em vez de atirarem bombas
No marquês de Barbacena
E no rei de Portugal.
Quem dorme mais é Dirceu.
No meu corpo cabe tudo.
Cabe passado e presente,
Mais do que tudo o futuro.
Senadores, deputados,
Se arrancham na minha sombra,
E outros, dentro de mim.
Se eu não tivesse sofrido
— Por iniciativa própria —
Eles nunca poderiam
Viver nesta pagodeira.
Sou como o cavalo triano,
Aqui dentro cabe o mundo,
O Avô da farra sou eu.
[Murilo Mendes. História do Brasil,
1932]
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