A
influência de Arthur de Oliveira (1851-1882) foi larga e extensa sobre os
poetas "novos" do Brasil, a partir de 1877. Embora não tenha deixado
obra perdurável, "le père de la
foudre" trouxe de Paris as novidades literárias e portanto o
Parnasiansmo, com o culto de Théophille Gautier, Leconte de Lisle, Banville,
Sully-Prudhomme e outros poetas, que ele lia e difundia entre os jovens da época.
É o que afirma Alberto de Oliveira e é o que confirma o fato de a primeira
poesia das Canções românticas (1878)
do próprio Alberto, dedicada a Arthur de Oliveira, pode ser tomada como a
primeira mostra do Parnasianismo, em nosso meio. O tema de "Aparição nas
Águas" — assimilação de uma banhista a Vênus, — apesar da imprecisão
vocabular com que ainda lutava Alberto, é, pelo exotismo, pela intenção
plástica, pela "arte pela arte" que reponta das estrofes, uma
antecipação parnasiana do poeta. É o que parecem certificar estes excertos:
Vênus,
a ideal pagã que a velha Grécia um dia
Viu
esplêndida erguer-se à branca flor da espuma,
— Cisne do mar Iônio,
Desvendado da bruma,
Visão,
filha talvez da ardente fantasia
De um cérebro de deus;
Vênus,
quando eu te vejo a resvalar tão pura
Do largo oceano à flor,
Das
águas verde-azuis na úmida frescura,
Vem dos prístinos céus,
Vem da Grécia, que é
morta,
Abre
do azul a misteriosa porta
E
em ti revive, ó pérola do Amor.
[...]
(Ramos, Péricles E. da Silva. "A renovação
parnasiana na poesia".
In: Coutinho, Afrânio. A literatura no Brasil, vol. 4, p. 108)
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