O tocador de pífaro, de Èdouard Manet, obra recusada no Salão Oficial de Paris de 1867. Sobre ele Zola profetizaria: "Manet será um dos mestres de amanhã" (Zola, p. 39). |
Interessantíssimo o livro que reúne os artigos críticos de Emile Zola, textos que testemunham o escandaloso surgimento da pintura impressionista na França na década de 1860. São escritos que articulam aspectos formadores das estéticas relacionadas -- realismo, impressionismo, naturalismo --, assim como facilitam a compreensão da importância da pintura nas revoluções modernistas que marcariam o primeiro vintênio do século XX em grande parte do mundo -- inclusive no Brasil, em que a exposição de Anita Malfatti, realizada em 1917, tanta grita provocaria. Eis um pequeno petisco do livro, com imagens de pintores citados por Zola:
[...]
Pois é uma
boa piada acreditar que exista, em matéria de beleza artística, uma verdade
absoluta e eterna. A verdade una e completa não é feita para nós, que
confeccionamos, todas as manhãs, uma verdade usada todas as noites. Como todas
as coisas, a arte é um produto humano, uma secreção humana; é nosso corpo que
destila a beleza de nossas obras. Nosso corpo muda segundo os climas e os
costumes e portanto, a secreção mudará também.
[...]
[Zola, Emile. A batalha do impressionismo. Tradução Martha Gambini. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989, p. 34]