Dias atrás postei neste picadeiro o poema "Saudade de Manuel Bandeira", de Vinícius de Moraes. O poema de Vinícius foi escrito enquanto este imenso "poeta menor" que foi Bandeira estava vivo, ou seja, não era o caso de uma saudade definitiva e incurável, das que sentimos das pessoas queridas que se foram de nossa precária convivência. Aliás, o poema de Vinícius foi postado a propósito de uma fotografia em que comparecem os dois poetas aqui relacionados, acompanhados também por Tom Jobim e Chico Buarque, na qual o "poetinha" olha enternecido para seu "áspero irmão": o olhar de Vinícius parece expressar a sede de uma saudade, que sorve do encontro tudo que emana da figura querida então à sua frente. Imagem puxa palavra, que puxa outra... Pois vejamos agora o que Bandeira responde a Vinícius, depois de sua "Saudade de Manuel Bandeira":
Resposta a Vinícius
Poeta sou; pai, pouco; irmão, mais.
Lúcido, sim; eleito, não.
E bem triste de tantos ais
Que me enchem a imaginação.
Com que sonho? Não sei bem não.
Talvez com me bastar, feliz
– Ah feliz como jamais fui! –
Arrancando do coração
– Arrancando pela raiz –
Este anseio infinito e vão
De possuir o que me possui
(in: Bandeira, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Record, 1999, p. 201)
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