Pois reparem que não foi privilégio nosso. Basta lermos as páginas de Vida e Morte da Antropofagia, de Raul Bopp, para contatarmos:
Enquanto Paris se
agitava dentro de novas correntes culturais, no Brasil somente algumas poucas
áreas eram sensíveis a essa inquietação. Pressentia-se, em vibrações vagas, a
necessidade de substituir a expressão artística por formas mais evoluídas.
São Paulo, em
problemas de arte, permanecia ainda num velho conformismo, amarrado a formas
antiquadas, em contradição com a sua pujança econômica. Guardava posições
acadêmicas, numa rigorosa sujeição aos preceitos rotineiros.
Os andaimes se
projetavam, cada vez mais altos. As chaminás afirmavam a sua força industrial,
pelos setores urbanos. Mas o espírito moderno (no período anterior a 1922), em
suas tímidas vacilações, não havia penetrado nos seus hábitos de atividade, em
sintonia com a sua evolução material. Estava embrionário. Ocultava-se, entre
resíduos passadistas, vago e desajustado.
(Bopp, Raul. Vida e morte da Antropofagia. 2ª ed. Rio
de Janeiro: José Olympio, 2008, p. 34-5)
Haveria o que discutir, e até mesmo questionar, nas palavras de Raul Bopp, mas vale o registro histórico, que se aproxima daquele de Otacílio Colares sobre as letras do Ceará.
Nenhum comentário:
Postar um comentário