Universidade Federal do Ceará
Centro de Humanidades – Curso de Letras – Departamento de Literatura
Literatura Brasileira IV – Professor: Marcelo Magalhães – Avaliação complementar
1. Leia o trecho abaixo, decalcado do “Manifesto neoconcreto”, e explique qual a divergência fundamental, nele sugerida, entre os “poetas concretos racionalistas” e a poesia neoconcreta. Fundamente sua resposta com recortes do trecho apresentado e do “plano piloto da poesia concreta” (http://www.poesiaconcreta.com/).
[...] Os poetas concretos racionalistas também puseram como ideal de sua arte a imitação da máquina. Também para eles o espaço e o tempo não são mais que relações exteriores entre palavras-objeto. Ora, se assim é, a página se reduz a um espaço gráfico e a palavra a um elemento desse espaço. Como na pintura, o visual aqui se reduz ao ótico e o poema não ultrapassa a dimensão gráfica. A poesia neoconcreta rejeita tais noções espúrias e, fiel à natureza mesma da linguagem, afirma o poema como um ser temporal. No tempo e não no espaço a palavra desdobra a sua complexa natureza significativa. A página na poesia neoconcreta é a espacialização do tempo verbal: é pausa, silêncio, tempo. Não se trata, evidentemente, de voltar ao conceito de tempo da poesia discursiva, porque enquanto nesta a linguagem flui em sucessão, na poesia neoconcreta a linguagem se abre em duração. Conseqüentemente, ao contrário do concretismo racionalista, que toma a palavra como objeto e a transforma em mero final ótico, a poesia neoconcreta devolve-a à sua condição de “verbo”, isto é, de modo humano de representação do real. Na poesia neoconcreta a linguagem não escorre: dura.
[...]
(Gullar, Ferreira. “Manifesto neoconcreto”, 1959)
2. Leia o trecho que segue e, utilizando aspectos nele apontados, analise o poema “Oswald morto”, de Ferreira Gullar. Não deixe de desenvolver breve comentário sobre a oposição entre modernismo e pós-modernismo – especificamente no tocante aos “nacionalismos” e aos “regionalismos”:
[...] É o poeta brasileiro. É o único poeta ‘brasileiro’. Isso não tem importância, pois no Ocidente os nacionalismos literários estão desaparecendo com a mesma rapidez com que em certas nações desapareceram os regionalismos. [...]
(Faustino, Mário. “A poesia ‘concreta’ e o momento poético brasileiro” [1957], p. 471)
Nenhum comentário:
Postar um comentário