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O avanço da
ideologia realista foi, no entanto, mais lento no romance do que na imprensa.
Os sinais mais evidentes da mudança encontram-se nas obras de Franklin Távora,
José do Patrocínio e Inglês de Souza.
Franklin
Távora, apesar de escolher seu temário na história remota do Nordeste, preocupava-se
em situar os eventos dentro de um quadro real, cuidadosamente estudado. Já em
1872, levantara-se contra o conceito literário de José de Alencar, numa série
de artigos publicados no Jornal do Recife,
e nas Cartas a Cincinato questionou o fundamento da
etiqueta indianista romântica. Ia contra os escritores de gabinete, que
reinventavam a natureza através da leitura de obras românticas. Para ele, o
escritor devia partir da experiência direta, de um contato íntimo com o
ambiente, a natureza e os homens. A natureza deixava de ser motivo de
contemplação estética para tornar-se quadro significante. Sua preocupação com a
documentação aparece em dois de seus romances, O Cabeleira e O matuto,
publicados respectivamente em 1876 e 1878.
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[Mérian,
Jean-Yves. Aluísio Azevedo: vida e
obra (1857-1913).
Tradução Claudia Poncioni. 2a
ed. Rio de Janeiro: FBN: Garamond, 2013, pp. 120-1]