30.4.13

Literatura Cearense II: colóquios

Segue abaixo o cronograma dos colóquios de Literatura Cearense II, em que estudaremos os escritores relacionados. Os trabalhos, realizados individualmente ou em dupla, devem apresentar o estudo de um livro do autor escolhido, além de análise detalhada de um texto representativo de sua produção. Apresentados oralmente no dia especificado, será necessário a entrega de trabalho escrito ao professor e também a todos os colegas da turma. Os trabalhos devem ser objetivos e consistentes, com no mínimo 3 e no máximo 5 páginas. Confiram a ordem e as datas das apresentações.



Literatura Cearense II
cronograma dos colóquios – 2013.1

Maio
16 – Colóquio 1: Antônio Girão Barroso (por Victoria e Daniel)
        Colóquio 2: Arthur Eduardo Benevides (por Francisca Carliane)

21 – Colóquio: Eduardo Campos (por Leydiane e Marisa)

23 – Colóquio 1: Otacílio Colares (por Ana Lúcia e Fernando)
        Colóquio 2: Francisco Carvalho (por Francisca Yorrana)

28 – Colóquio 1: Braga Montenegro (por Katiary e Raimundo Neto)
        Colóquio 2: Milton Dias (por Tuyra e Antônio Lucas)

30 – Feriado nacionalCorpus Christi.

Junho
04 – Colóquio 1: Gerardo Mello Mourão (por Natália Nayana)
        Colóquio 2: Rachel de Queiroz (por Glaísa e Iara)

06 – Colóquio 1: José Alcides Pinto (Mayara e Leidiane)
        Colóquio 2: Fran Martins (por Jamille e Francisco César)

11 – Colóquio: Moreira Campos (por Claudênia e Bruna)

13 – Colóquio 1: Caio Porfírio Carneiro (por Claydiane e Tatiana)
        Colóquio 2: Juarez Barroso (por Renata e Daniel Victor)

 18 – Apresentação do Grupo Sin.

20 – Colóquio 1: Horácio Dídimo (por Suzana e Rafael)
        Colóquio 2: Pedro Lyra (por Daniele e Tarcila)

25 – Colóquio 1: Linhares Filho (por Alessandra)
        Colóquio 2: Roberto Pontes (por Edvelin e Kelliane)

27 – Semana de Humanidades.



Julho
02 – Colóquio 1: Barros Pinho (por Rafaelly)
        Colóquio 2: Adriano Espínola (por Gabriela)

04 – Colóquio: Airton Monte (por Juliana)

09 – Colóquio: Natércia Campos (por Joana Ramalia)

11 – Colóquio: Jorge Pieiro (por Rosana)

16 – Colóquio: Tércia Montenegro (por Rita Maria Saboya)

18 – Resultados Parciais.

23 – Avaliação Final.

25 – 2ª chamada da AF.

30 – Resultados Finais.

28.4.13

Roteiro de Leitura: Triste fim de Policarpo Quaresma



As questões a seguir devem servir de roteiro para a formulação de ensaio sobre Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto. A ordem dos aspectos ou perspectivas proposta pelos tópicos numerados não é obrigatória, mas apenas sugestão – partindo de considerações mais gerais para as mais específicas. Todas as questões devem ser contempladas, e o texto deverá ter não menos que 3 e não mais que 5 páginas.

1.      Se é certo que o termo Pré-Modernismo pode ser compreendido em dois sentidos diversos – um meramente cronológico e outro referindo aspectos de precedência temática ou formal –, em qual deles é mais apropriado enquadrarmos Triste fim de Policarpo Quaresma (1916)? Responda com suas próprias palavras, justificando e fundamentando argumentos e análises com citações da fortuna crítica pesquisada, além de exemplificar com trechos do romance estudado recortados por você.

2.      “A sociedade, já não mais vista exclusivamente do ângulo do mestiço, é apreciada de modo mais amplo.” Assim avalia Lúcia Miguel Pereira a narrativa de Triste fim de Policarpo Quaresma. Comente o “ângulo” da visão que o romancista desenvolve na narrativa, evidenciando a amplitude de sua apreciação, relacionando impressões da fortuna crítica consultada e exemplificando com trechos colhidos em sua leitura.

3.      Leia “Literatura militante”, artigo de Lima Barreto, e relacione as principais ideias nele expostas ao romance estudado. Relacione também outros escritores do período que trataram de temáticas próximas às ideias de Lima Barreto, designando semelhanças e demarcando diferenças entre eles.

Roteiro de Leitura: Canaã



As questões a seguir devem servir de roteiro para a formulação de ensaio sobre Canaã, de Graça Aranha. A ordem dos aspectos ou perspectivas proposta pelos tópicos numerados não é obrigatória, mas apenas sugestão – partindo de considerações mais gerais para as mais específicas. Todas as questões devem ser contempladas, e o texto deverá ter não menos que 3 e não mais que 5 páginas.

1.      Se é certo que o termo Pré-Modernismo pode ser compreendido em dois sentidos diversos – um meramente cronológico e outro referindo aspectos de precedência temática ou formal –, em qual deles é mais apropriado enquadrarmos Canaã (1902)? Responda com suas próprias palavras, justificando e fundamentando argumentos e análises com citações da fortuna crítica pesquisada, além de exemplificar com trechos do romance estudado recortados por você.

2.      “Romance de ideias, romance social é o Canaã, mas nunca romance de tese”, avalia Lúcia Miguel Pereira. Avalie você o que há no romance de Graça Aranha dos elementos de cada uma dessas categorias romanescas, buscando ilustrar os aspectos apontados com trechos da narrativa estudada.

3.      Comente o trecho abaixo, relacionando-o com a narrativa de Canaã. Relacione também outros escritores do período que trataram de temáticas próximas às ideias de Graça Aranha, designando semelhanças e demarcando diferenças entre eles.
Toda cultura nos veio dos fundadores europeus. Mas a civilização aqui se caldeou para esboçar um tipo de civilização, que não é exclusivamente europeia e sofreu as modificações do meio e da confluência das raças povoadoras do país. É um esboço apenas sem tipo definido. É um ponto de partida para a criação da verdadeira nacionalidade. A cultura europeia deve servir não para prolongar a Europa, não para obra de imitação, sim como instrumento para criar coisa nova com os elementos, que vêm da terra, das gentes, da própria selvageria inicial e persistente.
              (Aranha, Graça. “O espírito moderno”, conferência na ABL em junho de 1924)

26.4.13

Ribeiro Couto, enfim: poesia da penumbra

Chuva


A chuva fina molha a paisagem lá fora.
O dia está cinzento e longo... Um longo dia!
Tem-se a vaga impressão de que o dia demora...
E a chuva fina continua, fina e fria,
Continua a cair pela tarde, lá fora.


Da saleta fechada em que estamos os dois,
Vê-se, pela vidraça, a paisagem cinzenta:
A chuva fina continua, fina e lenta...
E nós dois em silêncio, um silêncio que aumenta
se um de nós vai falar e recua depois.


Dentro de nós existe uma tarde mais fria...


Ah! Para que falar? Como é suave, branda,
O tormento de adivinhar — quem o faria? —
As palavras que estão dentro de nós chorando...


Somos como os rosais que, sob a chuva fria,
Estão lá fora no jardim se desfolhando.


Chove dentro de nós... Chove melancolia...

(Ribeiro Couto)

25.4.13

Sobre o Penumbrismo no Ceará

Falávamos há pouco sobre a caracterização da poesia penumbrista, do surgimento do rótulo em artigo de Ronald de Carvalho sobre o livro O Jardim das Confidências (1921), de autoria de Ribeiro Couto (1898-1963). Logo depois dessa conversa, abri como que procurando recreio o livro Variações em Tom Menor (1984), do escritor cearense Edigar de Alencar, que participou tanto das manifestações modernistas quanto do momento imediatamente anterior, de preparação do terreno cultural cearense. O livro oscila entre o memorialismo e o registro histórico, e nele fui buscar o artigo que me fisgava pelo título: "O alvorecer do modernismo no Ceará". Qual não foi minha surpresa ao encontrar as seguintes considerações, fundamentais para a caracterização do penumbrismo realizada na postagem anterior:

"[...] Logo depois [do surgimento do livro Coroa de Rosas e Espinhos, de Mário da Silveira, em 1921] apareceria em Fortaleza o livro de estréia de Ribeiro Couto O Jardim das Confidências, despertando o entusiasmo de alguns e a crítica mordaz de outros. Nomes destacados se não investiam contra o poeta também não o elogiavam, enquanto outros buscavam ridicularizar a poesia chamada penumbrista, compondo imitações nas quais o traço sentimental e lírico era substituído pelo paródico, pelo humorismo por vezes achincalhante. Entretanto, o penumbrismo encontrava eco nas camadas mais jovens, entre poetas e intelectuais do segundo time, a que pertencíamos Jáder de Carvalho, eu e outros poucos. E não somente nos círculos literários e jornalísticos, mas no seio de associações e grêmios e principalmente no meio de estudantes e comerciários, estes últimos constituindo uma classe letrada, participante, bem atenta aos movimentos de arte e cultura do Estado.
     No Café Riche, onde nos amesendávamos durante os minutos de sobra do almoço, discutíamos e recitávamos Ribeiro Couto. Embora se tratasse de livro muito paulista e muitos de nós não soubéssemos nem o que havia de diferente entre o nosso chuvisco e a garoa tão mencionada em suas páginas, o fato é que, por uma espécie de fadiga solar, nós, os da terra luminosa de sol candente, encontrávamos na doce penumbra da poesoa de Ribeiro Couto suave e repousante aconchego. Estávamos cansados dos parnasianos brilhantes e bem arrumados, dos versos esculturais e lentejoulantes, de poesia eloqüente, cheia de estardalhaço, de cores e de luzes. [...]"

(Alencar, Edigar de. Variações em Tom Menor : letras cearenses. Estudo introdutório de Sânzio de Azevedo. Fortaleza: UFC, 1984,
pp. 30-31)

E assim continua o escritor e poeta Edigar de Alencar, em uma linguagem fluente, simpática e evocativa. Adiante Edigar diz acreditar ter "sido no Ceará o versejador mais fortemente influenciado pela poética de Ribeiro Couto", além de comentar algumas das reações de prestigiados escritores cearenses contra o penumbrismo, como é o caso de Antônio Sales. Vale, portanto, a leitura destas páginas de memórias, que dão vida e cor ao registro histórico do período.

Sobre o Penumbrismo

Segue a definição de Penumbrismo por Massaud Moisés, no Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira, por ele mesmo organizado:

PENUMBRISMO - Tendência literária ligada aos anos e às obras de transição entre o fim do Simbolismo e o início do Modernismo, vale dizer, fins do século XIX e princípios do século XX. O rótulo originou-se de um artigo de Ronald de Carvalho acerca dO Jardim das Confidências (1921), de Ribeiro Couto, intitulado "Poesia da Penumbra", no qual se referia aos ultra-simbolistas e decadentistas que fugiam do sol para a sombra, para os meios-tons crepusculares, e a intimidade recolhida, suave e morna, de alcovas atapetadas e silenciosas. Atitude passageira, assumida durante a vigília da revolução modernista, situa-se numa zona literária fronteiriça, de incerta delimitação. Tendência poética por excelência, a ela aderiram, entre outros, Mário Pederneiras, Gonzaga Duque, Eduardo Guimaraens, Lima Campos, Guilherme de Almeida, Filipe d'Oliveira, Ribeiro Couto, Álvaro Moreira, Homero Prates, Rodrigo Otávio Filho.
(In: Moisés, Massaud (Org.). Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1999, p. 320)

24.4.13

Terra Bárbara, de Jáder de Cravalho


Trancrevo abaixo os versos de "Terra Bárbara", poema de Jáder de Carvalho. Antes porém seguem algumas rápidas considerações de Sânzio de Azevedo sobre o poema, recortadas do seu livro Literatura Cearense (1976). Este manual do professor Sânzio, imprescindível para quem pretende melhor conhecer o desenvolvimento da produção literária no Ceará, é atualmente livro raríssimo, mas pode ser acessado através do sítio da Academia Cearense de Letras, que disponibiliza aliás um vasto e precioso acervo digital, no seguinte endereço: http://www.ceara.pro.br/acl/revistas/index_revistas.html. O poema de Jáder de Barbalho e as considerações de Sânzio de Azevedo sobre o mesmo encontram-se no início do capítulo dedicado ao modernismo. Boa leitura.

Serra do Estêvão - local onde nasceu Jáder de Carvalho (foto retirada de http://sertaopoesia.blogspot.com.br/p/fotos.html)

"[...] Mas é em 'Terra Bárbara' que vamos encontrar toda a força do seu estro; aqui, misturam-se o poeta e o sociólogo, para nos dar um dos maiores poemas que o sertão e o seu povo já inspiraram a alguém: ao compor seus versos livres o poeta não desdenhou alguns versos livres que surgiram espontaneamente, e assim temos, ao longo do poema, alguns decassílabos (como o destino do seu povo errante; bate sem susto no primeiro pouso, etc.), tendo doze sílabas o verso final: como antes te acordava ao choro da viola. Trata-se do verdadeiro verso livre preconizado por Mário de Andrade: nem escravização à medida nem à antimedida. [...]" (Azevedo, Sânzio de. Literatura Cearense. Fortaleza: Academia Cearense de Letras, 1976).


    


Terra Bárbara


Na minha terra,
as estradas são tortuosas e tristes
como o destino de seu povo errante.
Viajor, 
se ardes em sede, 
se acaso a noite te alcançou, 
bate sem susto no primeiro pouso:
— terás água fresca para sua sede,
— rede cheirosa e branca para o teu sono.
  
Na minha terra,
o cangaceiro é leal e valente:
jura que vai matar e mata.
Jura que morre por alguém — e morre.
 (Brasil, onde mais energia:
na água, que tem num só destino
do teu Salto das Sete Quedas
ou na vida, que tem mil destinos, 
do teu jagunço aventureiro e nômade?)
Ah, eu sou da terra do seringueiro,
— o intruso
que foi surpreender a puberdade da Amazônia.
 
Eu sou da terra onde o homem, seminu, 
planta de sol a sol o algodão para vestir o Brasil.
Eu nasci nos tabuleiros mansos de Quixadá
e fui crescer nos canaviais do Cariri,
entre caboclos belicosos e ágeis.
 
Filho de gleba, fruto em sazão ao sol dos trópicos, 
eu sou o índice do meu povo:
se o homem é bom — eu o respeito.
Se gosta de mim — morro por ele.
Se, porque é forte, entender de humilhar-me, 
— ai, sertão!
Eu viveria o teu drama selvagem,
eu te acordaria ao tropel do meu cavalo errante,
como antes te acordava ao choro da viola...

                                                                                                                           
Jáder de Carvalho